Os tipos de ilustração científica constituem uma semântica estrutural que encerra, regra geral, três grupos principais de representações (leia-se, desenhos):
— desenhos descritivos: representações que figuram com exatidão o objeto natural, seja ele macro ou microscópico, que foi observado pelo cientista, reforçando a descrição do texto, ou colocam em evidência o que é raro e difícil de ser observado.
Tendem pois a ser holísticos e cumulativos, reunindo o máximo de informação pertinente (indo além do espécime, ou indivíduo, e assumindo a tipologia do modelo representativo do grupo — a espécie). Encaixam nesta categoria as ditas ilustrações taxonómicas de uma espécie. O desenhador pode ser um artista, sob supervisão de um investigador, ou então o próprio cientista.
Ex.: a representação/figuração de uma espécie (do individuo adulto e maturo,
ou das suas partes com valor diagnosticantes).
— desenhos interpretativos: desenhos cuja função, mais que descrever, é interpretar o que foi observado, isto é, as ideias, teses e hipóteses dos cientistas.
São pois desenhos de enfoque e subtrativos (eliminam pormenores — distratores — que desviem a atenção do cerne da mensagem a veicular). Os desenhos interpretativos são de natureza não-redutora, isto é, filtram estímulos e reduzem o impacto sensorial a apenas o absolutamente necessário. O desenhador deve ser um técnico com preparação/formação em ciência, para poder corresponder em pleno à solicitação/interpretação do cientista e ser capaz de transmutar e materializar a sua ideia original ou design mental (aferido dos dados/observação extraídos de uma experiência) em corpo gráfico, sem desvirtuar ou descontextualizar.
Ex.: um ciclo de vida de uma espécie.
— desenhos imaginativos: desenhos que interpretam o texto para o leitor, interpretando o que não pode ser visto, detetado ou sentido por nenhum órgão sensorial humano, com ou sem instrumentos auxiliares de análise, direta ou indireta.
Promove a emergência e manifestação de conteúdos, ou saberes, latentes e faz uso da criatividade (intuição), mas de forma regrada e controlada pela contraposição com o que é, ou não, cientificamente plausível (não é totalmente imaginativa — subjetiva e/ou especulativa — e/ou liberta da imposição do rigor objetivo). Qualidades do ilustrador iguais às exigidas para os interpretativos.
Ex.: um diagrama (ou infografia) sobre um determinado mecanismo celular ou processo fisiológico
ou um gráfico, ou ainda algumas ilustrações paleontológicas.